A capital do Equador, Quito, reflete o que vemos seguidamente pelas grandes cidades da América Latina, caos e cultura a flor da pele. Chegamos à cidade vindo de Guayaquil e a diferença de altitude reflete diretamente no clima. Notamos quando descemos do ônibus. Já era noite e tivemos que puxar rapidamente os casacos das mochilas. Já não sentíamos mais o abafamento de Guaiaquil e sim o vento frio que desce das montanhas e nevados que cercam a cidade. Ficamos alojados no centro histórico da cidade, o bairro de Mariscal Sucre, onde se concentra todo o frenesi da cidade durante a noite. Tivemos descobertas que nos deixaram praticamente em casa. Uma delas foi um bar muito simples que tocava um clássico rock in roll. Lá conhecemos o amigo José Miguel, pequeno empresário do ramo de camisetas de rock e apreciador de uma boa cerveza. Entre os vários assuntos, falamos sobre a união dos povos latino-americanos, um sentimento que perpassa todos os povos de nossa América Latina e que recorrentemente abordamos com mochileiros latino-americanos. Domina um sentimento de união e a vontade que um dia o continente tenha seus povos unidos como gostaria Simon Bolívar. Outro aspecto que nos deixou em casa foi o tratamento que recebemos de nossa anfitriã, Tereza, dona do Hostel Centro Del Mundo no qual ficamos hospedados. Depois de alguns dias já éramos tratados como filhos, tendo acesso a certas regalias no ambiente do hostel e carinhosamente chamados de “los brasileños”. Andar pelas ruas de Quito foi algo muito prazeroso, a cidade é cercada por montanhas e a cada rua uma perspectiva diferente da paisagem. Os parques merecem uma parada mais demorada para apreciar e sentir a cultura da cidade. Subir o Vulcão Pichincha por um teleférico que parte da periferia da cidade é impressionante. Do alto é possível ver toda cidade e, esticando o olhar, pode-se contemplar o Vulcão Cotopaxi com sua neve permanente. É a visão clássica de um vulcão, como estudamos nos livros de Geografia. A ciudad vieja guarda prédios históricos onde se pode visitar a Plaza Grande, o Palácio Presidencial, a Basilica del Voto Nacional, entre outros prédios que mantém a arquitetura colonial. Como ocorre em outros países latino-americanos, no Equador também são transmitidas as novelas brasileiras, responsáveis, infelizmente, pela visão que a maioria do povo equatoriano tem do Brasil. Não que isso possa significar uma educação menos qualificada, muito pelo contrário, com todos equatorianos que conversarmos - de taxistas a donos de restaurantes – percebe-se uma educação superior a brasileira. Chamou nossa atenção um profundo conhecimento e envolvimento dos equatorianos com a política do país e um comportamento exemplar no tratamento com as pessoas. Exemplo, a gasolina é pelo menos seis vezes mais barata que no Brasil e, segundo a população é assim porque é um bem do povo e para o povo. Outro exemplo, você pode comer em qualquer tipo de restaurante e escutar apenas o barulho dos talheres, as pessoas conversando baixinho e não se surpreenda se alguém passar pela sua mesa e desejar “bon provecho”. A comida é outro fator positivo para todos que se aventuram como mochileiros, barata e muito boa. Por $3 dólares come-se um refeição completa, com sopa de entrada, prato principal, sobremesa e suco ou ainda; um prato com bife, arroz, feijão (Sim no Equador se come feijão!), banana frita e salada. Tudo ótimo! O transporte urbano conta com metrô e sistema de ônibus BRT e funciona muito bem permitindo o deslocamento por toda cidade. Taxis são muito baratos e o valor sempre pode ser negociado! Enfim, é uma cidade para viver, muito acolhedora, com um ótimo clima, cercada de vulcões e com uma cultura impressionante.